A Cervejaria Santa Catarina (CSC), dona das marcas Saint Bier, Coruja, Barco e Catarina, anunciou que está fechando as portas da unidade de produção. Fundada em Forquilhinha, município de Santa Catarina, a empresa está no mercado desde 2007 e é considerada uma das mais tradicionais no estado.
A descontinuação da unidade industrial tem como motivação a mudança no modelo de negócios, de acordo com a companhia. A partir de agora, pretende trabalhar com o licenciamento das marcas, cedendo o direito de uso a eventuais interessados e recebendo royalties em cima dos resultados. O Pub Saint Bier, anexo à fábrica, continuará em atividade.
O diretor-executivo da CSC, Bruno Braviano, negou que a empresa esteja passando por problemas financeiros. Em 2022, o negócio registrou faturamento de R$ 61 milhões, 17% de alta sobre o ano anterior, R$ 52 milhões.
A movimentação ocorre, no entanto, em um momento que o setor de cerveja artesanal sofre os impactos dos números ruins da economia, como juros e inflação em alta e dificuldade de repactuação de dívidas. "O preço dos insumos também aumentou muito por conta da pandemia e da guerra", afirma Douglas Salvador, CEO do e-commerce de cervejas Clube do Malte.
Um levantamento do Guia da Cerveja divulgado nesta semana aponta, por exemplo, que 46% das cervejarias artesanais não lucraram em 2022. Dessas, 22% registraram prejuízo.
A estratégia da CSC é licenciar as marcas não para uma única cervejaria grande, e sim por estado. Dessa forma, cada marca poderia ter diversas representantes pelo país. O modelo é uma forma dos rótulos chegarem mais competitivos ao mercado, reduzindo os impactos logísticos e tributários.
De acordo com o executivo, a empresa começou a testar o modelo de terceirização há três anos por um problema de limitação da capacidade produtiva. Ao longo do tempo, percebeu que poderia ser um caminho para lidar com questões que dificultam ganho de escala do negócio.
Atualmente, dos 5,3 milhões de litros produzidos por ano, 20% tinham como origem cervejarias terceirizadas de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul.
As negociações mais avançadas estão em Santa Catarina e Porto Alegre, onde as marcas são mais conhecidas e a empresa já trabalha com terceirizadas. Nos demais estados, os diálogos são incipientes. A expectativa é de que feche negócio em até 60 dias nos dois estados do sul.
Há também indefinição sobre o percentual de royalty que a empresa irá cobrar pelo uso das marcas. No mercado, o consenso gira em torno de 5% a 10% sobre a receita líquida. A CSC acredita que pode negociar em melhores termos.
O comunicado atual, em momento de incertezas sobre os novos passos, levou em conta a sazonalidade própria do setor. Após o Carnaval, a produção diminui, o que piora os custos. Por isso, a empresa aproveitou para fazer o anúncio atual.
Com a decisão, a CSC vai demitir os 88 funcionários ao longo dos próximos 60 dias. De acordo com a empresa, está construindo um plano para ajudar na recolocação dos profissionais.
Após o fim da produção ao longo desses 60 dias, a empresa pretende colocar o espaço e o parque fabril à venda.
Fonte: Revista Exame.
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